quinta-feira, 3 de março de 2016

A escocesa Miriam Gwynne é mãe de duas crianças de 5 anos, Naomi e Isaac. A sua rotina nem sempre é fácil, porque seus dois filhos têm autismo. Miriam ficou bastante nervosa quando Naomi foi para a escola pela primeira vez. Sua filha conseguiria se enturmar? Ela seria motivo de chacota?
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No entanto, nada do que a mãe pensava acabou acontecendo. No final do primeiro dia, Miriam recebeu um telefonema da professora de sua filha. Ela queria falar sobre o comportamento de Naomi. Miriam quase não acreditou no que ouviu.
Como toda mãe, eu fiquei apavorada quando minha filha começou a ir para a escola. Até o último momento eu fiquei me perguntando se uma escola comum era mesmo o melhor para ela.
Eu tinha mais motivos do que a maioria para me preocupar, porque ela saiu naquele dia ainda sem saber se vestir e sem saber ir ao banheiro sozinha. Ela foi diagnosticada com autismo e mutismo seletivo e, apesar de ter passado um ano a mais na creche, ela ainda era uma das crianças menores de lá.
Além de tudo, ela carrega um enorme fardo onde quer que vá com apenas 5 anos.
Eu sempre me pergunto se os profissionais se dão conta do peso que minha filha carrega nos ombros todos os dias.
Minha linda menina de olhos azuis é gêmea de um menino com problemas ainda mais complexos. Ele tem tumores, autismo severo, comportamento desafiante, atraso mental e motor, e não fala. Ela tem que conviver com isso aos 5 anos.
Como ela se sairia sem ele, já que a escola dele é à 22km de distância da dela? Como alguém saberia suprir suas necessidades pessoais, caso ela não conseguisse falar? A ansiedade, velnerabilidade e seu pequeno tamanho, fariam dela um alvo fácil para piadas? Sua vida em casa ficaria mais estressante por causa da sua dificuldade de aprendizado?
Eu me preocupei. E me questionei.
Mas algo mudou na primeira semana que ela começou na escola. E, um dia, a assistente da professora me disse que minha especial, frágil e calada menina havia, na verdade, mudado toda aquela turma sem dizer uma palavra.
Na sua turma, tinham outras duas crianças que também eram caladas, mas por razões diferentes: elas só falavam russo e não sabiam falar inglês. Pra facilitar o ensino, minha filha foi colocada perto delas, para que a assistente pudesse ajudar todo mundo ao mesmo tempo. Mas uma das professoras falava russo e todo mundo estava tentando encontrar a melhor maneira de ajudar este grupo de crianças que, devido à inclusão, foram postas numa sala de aula comum.
A professora ensinou a lição e as crianças sentaram no chão. Minha menina se sentou e escutou tudo atentamente e, depois, voltou para sua cadeira. Em seguida, a professora pediu que a turma fizesse um desenho e escrevesse o nome no topo da folha. Quando todas as crianças começaram a pegar os lápis e canetas, Naomi apenas permaneceu sentada. Ela olhava enquanto as assistentes tentavam ajudar as duas outras crianças que não entendiam o que estava sendo pedido.
Quando um outro aluno distraiu a assistente por um momento, Naomi se levantou e foi até às duas crianças estrangeiras. Ela silenciosamente pegou cada uma pela mão e apontou para seus nomes e depois apontou para o topo do papel. Depois, ela pegou um giz de cera e começou a escrever bem de leve na folha das 2 crianças e apontou para o que os outros estavam fazendo.
Ela esperou até que eles entendessem sua tentativa de se comunicar sem palavras, e lentamente eles começaram a escrever seus nomes e a desenhar. Ela olhou pra eles e sorriu. E só depois ela voltou pra sua cadeira e tentou escrever seu próprio nome.
A assistente chorou. A professora observou tudo.
Dentre todas as crianças da turma, ninguém teria esperado esta reação da Naomi, mas ela lhes ensinou uma lição naquele dia. A criança diagnosticada com uma deficiência de comunicação mostrou às outras como se comunicar.
Ela ainda não sabe uma palavra em Russo. Mas, viver com um irmão que não fala, ensinou a Naomi algo que transformou aquela turma sem dizer uma palavra: ela não precisa de palavras para ajudar outras pessoas.
Eu ainda me preocupo. Mas eu sei que, apesar das dificuldades, ela esta conseguindo transformar cinzas em beleza. E eu não poderia estar mais orgulhosa dela.
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